terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Off: Paciência e dedicação aos motoristas de trio


O gigante móvel do Carnaval de Salvador sai às ruas levando o povo para a folia. Poucos se dão conta que, além das estrelas que fazem a multidão “sair do chão”, alguém tem que guiar o caminhão. Aí entra em cena um personagem fundamental para a festa: o motorista de trio, que no Carnaval chega a trabalhar por 12 horas seguidas, dirigindo a apenas 5 Km/h.

Condutores de trio geralmente são homens, com experiência em dirigir em grandes festas ou na profissão de carreteiro. Paciência e tranquilidade são exigências básicas para esses profissionais, além da exigência da carteira de habilitação da categoria D e o certificado de participação em um curso oferecido pelo Detran anualmente, com duração de um dia.

“Geralmente, os motoristas de trio são prestadores de serviço durante o Carnaval. Poucos são contratados”, diz Waldemar Novaes, da Associação de Trios Independentes de Salvador.

Diversão - Quem não é contratado, quando acaba o Carnaval volta, geralmente, a dirigir carreta ou continua no ramo da festa como produtor de eventos. Este é o caso de Ari Andrade, 53 anos, motorista de trio há 20. “Às vezes é cansativo, mas nós também nos divertimos durante a festa”, garante o motorista.

No Carnaval, Ari dirige o trio Magia, que desfila com o Ilê Ayê. Ele afirma que se considera parte da história da folia. “Quando comecei a dirigir trio, ainda era caminhão truck. Hoje são carretas bastante elaboradas”, analisa.

Um momento divertido que Ari lembra é quando a então dançarina Carla Perez subiu no trio que ele dirigia. Na época ela dançava com a banda Destake. “Fiquei todo emocionado quando soube que uma multidão seguia o trio que eu estava dirigindo. Só depois soube que era por causa da loira que dançava e já atraia multidões”.

Para Anderson Araújo, 31 anos, os momentos mais marcantes no Carnaval são quando ele reencontra os amigos também motoristas de trio em plena folia.

Anderson dirige o trio Axé e Cia que sai no Carnaval com Cláudia Leitte, além de acompanhar a cantora pelas diversas festas e micaretas por todo o país. “Não tenho ideia nem de quantas festas fazemos pelo Brasil. Mas não me cansa, é um trabalho prazeroso”, diz.

Reponsabilidade - Apesar de gostar do que faz, Anderson também acha que é uma responsabilidade muito grande comandar o gigante veículo pelas ruas durante as festas. “Às vezes temos que frear bruscamente o carro por conta de pessoas muito próximas. Geralmente os bêbados gostam de se encostar no trio”, conta, rindo.

Sobre a comunicação com o artista, há um mecanismo instalado no chão do trio com um botão vermelho e outro verde. Quando acionado, o motorista sabe se é hora de parar ou continuar. “Se o artista não está próximo ou esquece do dispositivo, eles chamam pelo nosso nome”, relata Anderson.

Elias Barbosa, 44 anos, dirige trio há 20 anos e já puxou o carro que levava bandas como Gera Samba, depois É o Tchan, e a Banda Mel. O gosto pelo caminhão da folia vem de casa. “Meu pai era dono de um caminhão truck, que ele alugava para puxar bloco de Carnaval. Eu ia junto com ele pra folia e me encantei”, recorda. No resto do ano, quando não está trabalhando para animar os foliões, ele dirige caminhão que recolhe lixo pela cidade. “Quando chega o Carnaval é uma alegria. Dirigindo, sinto a felicidade geral que está em volta do caminhão”, diz Elias.

Fonte e Foto: A Tarde

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