sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dodô vai aguentar o tranco?

As notícias sobre a descida do Beijo (Motumbá) e do Requebra (Ara Ketu), já confirmadas, do Coruja (Ivete Sangalo), ainda a confirmar, e a estréia do novo bloco(da Barra) de Cláudia Leitte, acenderam o sinal amarelo no meio carnavalesco. Afinal, o circuito Dodô (Barra-Ondina), considerado mais charmoso e glamouroso, onde se concentram os camarotes mais badalados, vai suportar?
Para Fernando Boulhosa, presidente da Associação de Blocos de Trios do Carnaval de Salvador (ABTCS), toda essa movimentação não deve ser motivo de alarme. “- Na verdade não estão se criando novas vagas no Circuito Barra-Ondina. O Beijo, por exemplo, está descendo porque seus sócios têm uma vaga lá. O mesmo acontece com o Coruja, de Ivete. Agora, as vagas têm limite e acho que o Beijo será o último a descer porque, a partir daí, a Barra vai ficar inviável”. Mas esse “esvaziamento” do Campo Grande tem outras causas maiores, como Boulhosa faz questão de denunciar.

“-Tudo isso acontece porque a prefeitura não se posiciona para resolver os gargalos que entravam o desfile no Campo Grande-Avenida e que estão causando muitos problemas às entidades profissionais. A Mudança do Garcia, por exemplo, passa duas horas desfilando e, na cola dela, vêm entidades inexpressivas, alguns minitrios, muitos financiados pela própria prefeitura, que entram no circuito e causam aquele tumulto. Por isso, está todo mundo querendo descer na segunda-feira. Domingo tem o problema com o Filhos de Gandhy, que arrasta mais de dez mil homens. Tudo isso termina atrapalhando o trabalho dos blocos e da própria imprensa, que dispõe de pouco tempo para poder mostrar essa festa para todo o mundo. E, se nenhuma providência for tomada, o Carnaval do Campo Grande vai terminar esvaziando. O problema é muito sério."
Um dos primeiros a apostar no circuito da Barra, ao lado da cantora Daniela Mercury, foi o cantor Durval Lelys, que desfila no CocoBambu e no Me Abraça. Uma das vozes mais atuantes em defesa da profissionalização do Carnaval de Salvador, ele também concorda que precisa haver uma disciplina. “- Crescimento sempre foi sinônimo de sucesso. E a Barra é sucesso. Agora, tem que ter planejamento. As coisas não podem ser feitas de maneira aleatória. Se todo mundo toca na Barra de quinta a sábado isso é tolerável, porque a Barra está livre do “overbook” e muita gente ainda está chegando a Salvador. Já no domingo, segunda e terça, se os blocos que descerem ocuparem vagas que já existem, tudo bem. Agora, se todo mundo quiser descer também no domingo, segunda e terça, aí a Barra vai estrebuchar. Vai ficar tudo apertado. Como diz meu amigo, o arquiteto Davi Bastos, conforto é espaço. E, se não tiver mais espaço, eu sou o primeiro a cair fora”.

O também carnavalesco Geraldo Albuquerque, Tinho, sócio do Camaleão, um dos diretores da Central do Carnaval (empresa que comercializa a venda de abadás da maioria dos blocos), vê algo positivo com todo esse movimento. “A ação foi boa para todo mundo. De quinta a sábado, a barra fica superlotada. De domingo a terça acontece o inverso com o Campo Grande. Por isso, acredito que essas variações terminam fazendo um equilíbrio entre os dois circuitos, pondera.


Fonte: coluna do Marrom/Correio da Bahia

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